quarta-feira, 31 de março de 2010

Videorreportagem no interior de S. Paulo - Jornal Folha da Região, de Araçatuba


Tá na (ou seria no?) Wikipedia:

"Araçatuba é um vocábulo indígena que significa abundância de araçás. Do tupi araçá - uma espécie de fruta silvestre; e tyba - em grande quantidade, abundância.[5] Há uma outra versão que diz que Araçatuba, na linguagem caingangue corresponde: araçá = fruto com saliências no formato de olhos;"

Saliências no formato de OLHOS? Frutos silvestres EM ABUNDÂNCIA?
Será simples conhecidência? Bom, pra bom videorrepórter meia palavra basta!

O Responsável
O "fenômeno dos olhos abundantes" acontece mais precisamente na cidade de Araçatuba, a 536 quilômetros de São Paulo, na região Noroeste do Estado. O responsável por isso é o jornal Folha da Região.

O site do jornal é repleto de vídeos e e traz logo na página de entrada várias sugestões, com uma variedade imensa de assuntos para o internauta passar um tempo entretido e se informando, além da versão impressa.

Apesar de algumas notícias e entrevistas serem produzidas em vídeo dentro de um estúdio na redação, dá pra perceber que boa parte dos registros foram feitos a partir de dispositítvos de mídia móvel, como celulares e máquinas digitais que fazem vídeos - muitos deles, produzidos pelos leitores-internautas, como forma de conteúdo colaborativo: registros de enchentes, buracos de ruae problemas da comunidade.

Videorreportagem
O formato em que o jornalista opera a prórpia câmera para produzir imagens ganha espaço e mostra sua força no site da Folha de Araçatuba.

O repórter Sérgio Teixeira, por exemplo, se deslocam para os locais das pautas, para escrever uma reportagem para a versão impressa, e aproveita a ferramenta de registro multimídia à mão para ampliar o alcance da informação que ele tem para passar. E para isso, ao que parece, Sérgio usa para seus registros uma camera bem simples, como um celular ou máquina fotográfica digital.

Como uma possibilidade real de baixo custo, a videorreprotagem agrega valor de informaçao e conteúdo, que se reverte em visitação no ambiente virtual. Nada de superproduções!! Apenas Jornalismo.

Sem grandes investimentos, mas com muita criatividade e senso de oportunismo, a iniciativa da Folha da Região incentiva o uso de novas mídias e tecnologias de produção e veiculação de conteúdo porposrcionadas pelo mundo digital. A notícia está à mão de quem tem o registro! E isso torna a experiência virtual do leitor muito mais interessante do que faz o outro jornal da cidade, o jornal O Liberal Regional

A força do vídeo na internet para o veículo impresso
Os vídeos do canal da Folha da Região no Youtube, já têm mais de 100 mil exibições, desde quando foi inaugurado em setembro de 2007.

E para se ter uma noção da força da videorreportagem em relação aos outros materiais de vídeo, as exibições alcançadas pelas matérias de VR mostram que têm visitação muito superior aos outros vídeos do jornal. Pra conferir isso, dei uma rápida olhada lá mesmo no no canal do youtube da Folha da Região.

Enquanto a maior parte dos vídeos não chega a 50 cliques, a videorreportagem sobre uma pescaria infantil (que está indicada no final deste post) teve 222 exibições em apenas um dia de publicação.

E mais: as videorreportagens geram grande interesse dos internautas, mais até do que assuntos relevantes e importantes em nível nacional, como o vídeo da presença da pré-candidata à presidência da República Dilma Roussef em Araçatuba, que teve pouco mais de 300 exibições em 21 dias de publicação.

Só para comparar, a videorreportagem de Sérgio Teixeira, publicada um dia depois da visita da Dilma, sobre uma manifestação de professores, tem no mesmo perído um total de 615 exibições ou seja, mais que o dobro!!!

Acorda, concorrência!
No site do jornal concorrente da região, O Liberal Regional não existem vídeos próprios. (www.lr1.com.br). Os que consegui encontrar, numa rápida pesquisa, foram linkados de portais como Globo.com (Empate Palmeiras X Mirassol) e R7 (Estreia do programa Legendários, do Marcos Mion).

Sinceramente espero que a concorrência perceba isso e se antene nessas novas possibilidades, assim surgirá ainda mais campo profissional para o desenvolvimento do formato da videorreportagem nas redações locais.

No frigir dos ovos, o leitor ou internauta também sai ganhando com mais possibilidades de não só de consumo, como também de participar do processo de produção da informação multimídia do jornal.

Veja você mesmo como a VR agrega valor a um veículo impresso

Pra terminar, gostaria ainda de ilustrar como no caso da Folha da Região a versão impressa pode ser complementar à multimídia. O repórter Sérgio Teixeira contou a história de um torneio de pesca para crianças, escreveu uma curta notícia e fez um registro muito simpático em vídeo, que humanizou muito mais a notícia que se fosse contada apenas com o recurso do texto. Com certeza os que leram apenas a versão impressa não sentiram tão bem a alegria das crianças pescando peixes durante a competição.

Veja o vídeo a seguir e depois entre no link para ler a versão online da matéria.

Link para a versão online da matéria.


terça-feira, 30 de março de 2010

Entre o Céu e a Terra

Hoje quero indicar uma videorreportagem que tenho o prazer de exibir em encontros como palestras, oficinas e workshops.

Entre o Céu e a Terra
foi produzida pelo VR Marcelo Guedes. E aconteceu numa situação curiosa... Marcelo estava com uma aluna da Oficina de Videorrepórteres, na região central de S. Paulo, para uma aula de captação. O pauta era sobre a vida da população de rua.

No meio da aula, algo chamou a atenção do professor... E aí, para um jornalista preparado, com faro do repórter, e que tem a possibildiade de estar com uma câmera na mão, bingo! Marcelo viu um senhor entrando ou saindo de um buraco, não me lembro bem... Mas era um buraco que ficava dentro de um viaduto, entre o chão e a atmosfera... (daí o título da videorreportagem).

Quando percebeu a chance de contar uma boa história, Marcelo não se fez de rogado! Pediu licença para a aluna e pegou a câmera. Aproximou-se daquela cena e começou a gravar... Seu Osvaldo, logo começou a conversar com o VR. Começava aí a história da realidade cruel de um senhor que vive com as filhas na rua.

Vale observar que a história foi contada sem apelos ou abordagens sensacionalistas, típicos de telejornais popularescos quando falam desse tipo de assunto. A história desse personagem por sí mesma já era forte o suficiente... E Marcelo foi feliz ao optar por deixar o personagem contar sua prórpia história. Ele deu voz a quem nunca teve e foi ganhando a confiança da fonte, conseguindo inclusive entrar em sua "residência".

Ninguém melhor que o prórpio Osvaldo pra falar dessa realidade. A escolha dele para falar de si mesmo deu mais autenticidade para a história do que se ela fosse contada por uma equipe inteira de jornalismo, de uma forma mais tradicional... (fora que nem cabia uma equipe dentro da "casa" do Osvaldo. Sorte e sensibilidade do videorrepórter para perceber que tinha na frente um persongem que falava bem e fazer a escolha de como iria contar aquela história.

Outras diferenças de formato: No lugar do off lido, optou-se por colocar GCs com as informações básicas para o entendimento do assunto, como local, dados de população de rua, informações do personagem... Além dessa mudança no texto da matéria, a opção por não usar uma passagem ou plano-sequência foi acertada. Essas intereferências mais diretas do repórter, nesse tipo de linguagem, não caberiam muito, pois a narrativa escolhida para a história seria quebrada.

Foram apenas 12 minutos de material bruto. Marcelo teve também poder de síntese, outra característica importante para um bom VR.

Ausência de cores (PB): a ideia veio por causa de uma solução estética. Mas acabou dando um toque a mais na narrativa desta videorreportagem.

Foi assim: dentro do buraco onde vivia o Osvaldo havia apenas uma luz de vela. Marcelo lembrou-se de ligar o recurso do Night Shot da câmera, ou o infravermelho, para captações com ausência de luz.

Na hora da edição, para tirar a coloração verde da imagem, típica de gravações feitas com este recurso, pensamos: por que não deixar todo o vídeo em preto e branco, como se pudesse transmitir a sensação da total falta de cores que devia ser a vida de um sujeito com o o Osvaldo... Aliás, a pouca luz também contribuiu para dar uma textura granulada à imagem, tentando dar a impressão de um ambiente e uma vida rudes.

Funcionou! A matéria ficou permeada de bom jornalismo de denúncia mas imprimindo uma estética mais poética, mistura de documentário com videoclipe, numa linguagem muito particular.

Parabéns pela matéria, Marcelo. E pelo furo de reportagem também... Repare como dá pra ouvir o Osvaldo falar ao final do vídeo, que jamais alguém havia feito tal registro... Pra mim também foi uma aula!

Veja a videorreportagem:

segunda-feira, 29 de março de 2010

Youtube Project:Report

 
Hoje vou falar aqui de um projeto muito bacana: o Project Report.

A iniciativa é do portal de vídeos mais popular do planeta, o Youtube, que fez uma parceria com o Centro Pulitzer, uma das instituições de Jornalismo mais respeitadas no mundo. O patrocínio é de outras duas gigantes destes novos tempos da comunicação digital: a Sony Vaio e a Intel.


 Qualquer pessoa pode participar. Basta uma ideia na cabeça e uma camera HD na mão! (detalhe importante, pois o concurso só aceita onscrição de vídeos em high definition).


Apesar da limitação de formato, é uma ótima dica para produtores independentes, videorrepórteres e videojornalistas em geral!!!


Os vencedores deste ano serão eleitos em cinco categorias diferentes, cada uma delas premiando em 10 mil dólares os ganhadores. As inscrições vão até o dia 4 de abril.

Uma das coisas mais interessantes que achei foi um tutorial de vídeos do site que explica detalhadamente todas as etapas de produção de uma matéria jornalística: da captação, passando pela edição e publicação do material. Abaixo, um dos vídeos:



Mais informações, acesse o site oficial do Youtube Project:Report
http://www.youtube.com/user/projectreport

sábado, 27 de março de 2010

Discursos em Conflito

A ideia de retomar o blog tem me perseguido a cada dia. Aliás, o título deste post, "Discursos em Conflito", ilustra bem essa situação... Sim, porque se o nome é Diário de um Videorrepórter por que então não tem publicação diária???

Bom, assim espero que seja cada vez mais... Pelo menos agora, que me desliguei do projeto Web Repórter, da RedeTV!, creio que consiga mais tempo para resolver, então, este conflito.

Mas indo logo ao que interessa, tenho aproveitado o tempo mais disponível para colocar alguns materiais sobre videorreportagem na internet. Um deles é o trabalho de conclusão de curso (TCC), feito para a Univap, pelos meus (hoje colegas) do Vale do Paraíba: Patrícia Ferreira, Fred Justo e Wilson Araújo.

Eles produziram um documentário com gente falando contra e a favor do formato da videorreportagem. Várias questões abordadas na época, primeira metade dos anos 2000, ainda são pertinentes, e isso torna o trabalho atual. Tenho certeza que servirá de referência para as novas gerações que se interessarem pelo tema.

A publicação do material foi dividida em quatro partes. Confira nos links abaixo:

Parte 01


Parte 02


Parte 03


Parte 04


Em tempo: esta semana aproveitei para retomar uma atividade que me dá muito prazer: falar sobre vidoerreportagem com estudantes universitários.

Primeira do ano, a palestra rolou na Faculdade Rio Branco, na zona oeste de S. Paulo. Foi a primeira vez que estive lá. A sala ficou cheia até o final da apresentação, que durou cerca de duas horas.

Como não dá para passar tudo, pois tenho extenso material ilustrativo de vídeo e o tempo não permitiu, aproveitei para divulgar o blog e disponibilizar o documentário publicado acima.

Continue navegando por aqui! Assuntos de interesse: