sábado, 26 de março de 2011

O LEGADO DE THOMAZ FARKAS PARA O VIDEOJORNALISMO E AS MÍDIAS DIGITIAIS


Fiquei bastante chateado ontem com a notícia da morte do fotógrafo Thomaz Farkas, aos 86 anos, por falência múltipla dos órgãos.

Tive a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente em julho de 2008, numa videoreportagem que fiz com ele para o programa "Metrópolis", da TV Cultura. No dia, pedi para tirar com ele a foto ao lado.

A matéria (veja o vídeo no final deste post) falava de uma exposição no Museu de Arte Contemporânea da USP, no parque do Ibirapuera.



Fotógrafos da Vida Moderna
A exposição "Fotógrafos da Vida Moderna" trazia uma coleção de imagens feitas por renomados profissionais da fotografia, mestres das lentes - entre eles Pierre Verger, Cartier Bresson e o próprio Farkas.

Das 154 fotos, 124 delas faziam parte do acervo do banqueiro Edmar Cid Ferreira, do banco Santos, que teve os bens confiscados pela Justiça brasileira e cuja guarda provisória foi passada para o MAC.

Seis destas fotos eram de Farkas, que foi assim, ao mesmo tempo, parte atuante e testemunha de um período importante das histórias editorial e fotográfica da imprensa brasileira, na qual fotógrafos famosos trabalharam para importantes revistas que mostravam o que era a vida moderna no Brasil.



O que Farkas tem a ver com o Videojornalismo?
Nascido na Hungria, Farkas veio para o Brasil aos seis anos de idade, no início dos anos 30. Herdou do pai as lojas Fotoptica, negócio tocado por ele até 1997. Foi professor, produtor e diretor de cinema de destacada e importante atuação.

Um de seus principais feitos no cinema foi a Caravana Farkas, entre os anos de 64 e 72, no qual ele e uma série de renomados documentaristas de sua geração produziram 20 filmes para mostrar a cultura popular no interior do Brasil, mais especificamente das regiões Norte e Nordeste, desconhecida da maior parte dos brasileiros.

Fico imaginando que essa mesma vocação poderia ser despertada numa vindoura geração de videojornalistas espalhados pelo país, mostrando atualmente essa cultura popular pelos meios digitais, redescobrindo o Brasil de hoje.

Em relação aos registros das imagens da exposição, feitos nas década de 20 a 50,  elas mostram o período da profissionalização da fotografia no Brasil e a expansão e difusão delas por meio do mercado de revistas ilustradas. Dessa maneira, a partir de então, os fotógrafos foram ganhando respeito e credibilidade pela atividade que exerciam.

Fazendo um paralelo com o mundo digital de hoje, diria que o que o videojornalismo tem a aprender com essa história.

Imagine as revistas ilustradas daquela época como os atuais tablets, como IPads e Galaxys. Dá para pensar que elas sejam um substituto natural do papel para estes tipos de publicação em papel...

As revistas ilustradas tiveram papel importante para a veiculação das imagens ao público, o reconhecimento profissional dos fotógrafos e a consolidação desse mercado.

Além de serem um grande atrativo editorial para os veículos de informação, pelo aspecto visual valorizado nas páginas, as revistas ilustradas serviram-se do talento de grandes fotógrafos, como os mostrados na exposição, para preencher e atender a uma demanda específica para esse mercado editorial.

Creio que num breve futuro os videojornalistas poderão ter um papel semelhante na produção de imagens e conteúdo audiovisual para as publicações digitais em novas mídias como os Tablets. Aí, quem sabe - a exemplo da geração da Caravana Farkas - não acontece o mesmo com o mercado do videojornalismo, que poderá ganhar o devido respeito e reconhecimento!

Thomaz Farkas deixa entre nós, para continuar essa história de talento audiovisual, o filho e também fotógrafo João Farkas.

Abaixo, a matéria que gravei para o programa Metrópolis em 2008:

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Em tempo:
Para quem quiser conferir pessoalmente o trabalho de Thomaz Farkas, vale a pena ir até o dia 03 de abril numa exposição que está em cartaz no Instituto Moreira Salles, em São Paulo (Rua Piauí, 844, em Higienópolis). a retrospectiva traz cerca de cem imagens de Farkas clicadas entre as décadas de 40 e 70, com entrada franca.


Veja a notícia na Folha.com.

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