segunda-feira, 2 de maio de 2011

FECHAM-SE AS CORTINAS PARA ZÉ RENATO, UM DOS MESTRES DO TEATRO BRASILEIRO

Hoje cedo fui surpreendido pela notícia da morte do ator e diretor José Renato, sem dúvida um dos maiores nomes da dramaturgia brasileira, aos 85 anos, devido a um infarte.

Ainda na noite de sua morte, havia se apresentado no palco do Teatro Imprensa, onde estava em cartaz com o espetáculo “Doze Homens e Uma Sentença”. Despediu-se do elenco e foi jantar em um restaurante que gostava de frenquentar. Depois, seguiu rumo à rodoviária para ir ao Rio de Janeiro. Não chegou a sair de S. Paulo.

Na época em que o conheci, não tinha a exata dimensão do tamanho gigantesco dessa figura ímpar do teatro paulistano e nacional!


Claro que não dá pra gente saber tudo, uma pauta detalhada sempre ajuda, pesquisas pessoais também!


E assim,  a gente vai aprendendo no dia-a-dia, conhecendo gente importatne que fez e faz história: esse é um dos privilégios dessa profissão de jornalista.

QUEM FOI ZÉ RENATO?
Zé Renato foi aluno da primeira turma da EAD, a Escola de Arte Dramática da USP, onde conheceu o formato de palco, diferente do italiano, em que os atores aparecem de frente para o públcio.

Uma nova dispocição cênica estreava na dramaturgia nacional: era o palco tipo arena, com a platéia em volta do cenário e dos atores, o que mais tarde o faria fundador do famoso “Teatro de Arena”, em 1953.
Assim, Zé Renato introduziu o nacionalismo no teatro brasileiro.
Eles Não Usam Black Tie”, primeiro texto de Gianfrancesco Guarnieri, de 1958, foi um de seus maiores clássicos, um divisor de águas no teatro brasileiro.

Outro sucesso foi “Boca de Ouro”, de Nelson Rodrigues, na década de 60. Fez do palco um instrumento não apenas de cultura, mas de resistência e luta contra os desmandos da ditadura no Brasil. Também encenou “Revolução na América do Sul”, de Augusto Boal.

Quando conheci o Zé pessoalmente ele reencenava a montagem de uma outra peça que havia feito sucesso no Arena, em 58, com a direção de Boal: “Chapetuba Futebol Clube”.

Chapetuba foi escrita pelo antigo companheiro de Zé, Oduvaldo Vianna Filho, o Vianninha, e foi escolhida por ele como forma de homenagear o autor, na reinauguração do Teatro de Arena Eugênia Kusnet, no final de 2008.

Apesar da relação direta do título com o futebol, o esporte mais popular do País é apenas o pano de fundo para contar a história de um time de futebol do interior que busca acesso à divisão principal.


Mais do que isso, Chapetuba fala do lado humano dos personagens, seus sonhos, dramas, fé, ética e  esperança!

Recordo-me que no dia da gravação acontecia  o último ensaio antes da estreia: tudo parecia que estava atrasado, havia um certo alvoroço no ar e clima esperado de nervosismo tomava conta do elenco jovem que ele dirigia.

Zé, ao contrário, passava a segurança de um veterano! Mantinha-se calmo, generoso atendendo a todos, e de muito bom humor - uma de suas características que mais me marcou...

Veja a videorreportagem:



Descanse em paz, Zé! Obrigado pelo privilégio de conhecer seu trabalho!

O velório de Zé Renato será realizado a partir das 17h de hoje, no Teatro de Arena (Rua Doutor Teodoro Baima, 94). Já o enterro será na manhã de amanhã, terça-feira, no cemitério Morumbi.

2 comentários:

Unknown disse...

Bonito texto, Paulo. Parabéns. Aqui pude conhecê-lo melhor.
Beijo, Mariana Soares.

Paulo Castilho - Videojornalista disse...

Mari, querida, obrigado! Fiquei feliz que vc passou aqui pelo videoblog! Espero que volte sempre! Bjão especial!

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