quinta-feira, 23 de junho de 2011

Documentário “Cabra Marcado para Morrer” é tema de aula com professor da USP na Cinemateca

Com o perdão do lugar-comum: fechamos com chave-de-ouro o curso 'Uma História do Cinema Nacional', na Cinemateca Brasileira!


O clássico do documentário brasileiro, "Cabra Marcado para Morrer", de Eduardo Coutinho, foi o filme escolhido para a aula de encerramento do professor e documentarista Henri Gervaisieu (foto).

Durante os últimos dois meses, professores da USP (Universidade de S. Paulo) escolheram seus filmes preferidos para as aulas. 

Sempre às terças, cada noite uma história diferente!
Ao final do post, indico links referência, caso tenha interesse.
Mas voltemos ao "Cabra"...
É um dos meus filmes prediletos!!!

Para quem não sabe da história, resumidamente é o seguinte:

Como disse o crítico Amir Labaki: "esta é a história de um filme interrompido". Concordo. Mas acho que também  poderia ser o contrário: a história de um filme interrompido...

Sim! Interrompiro pelo regime militar, e retomada  quase 20 anos depois pelo seu realizador original. É isso... Mas muito mais!

"Cabra" é um filme que não trata apenas da história de uma família. Mais do que isso, é também o retrato de um período importante da vida política de nosso país e de uma gente esquecida no interior do Nordeste brasileiro, enquanto o foco dos veículos de massa dirigia-se para a guerrilha urbana como retrato daquele tempo. Coutinho ajudou a trazer luz a uma realidade que poderia ficar obscura, como tantas outras que acontecem  aos montes de forma anônima.

Era o ano de 1962. O então líder camponês João Perdro Teixeira fora asassinado no interior da Paraíba.


Com pouco menos de 30 anos na época, o diretor Eduardo Coutinho decide reconstituir essa história, usando como personagens do filme pessoas que vivenciaram a situação real, entre elas a própria viúva do líder assassinado, Elisabeth Teixeira.

Com o golpe militar de 1964, o set das filmagem é invadido e os materiais são apreendidos pela polícia militar sob a alegação serem subversivos. Dezessete anos depois, Coutinho resgata essa história e vai ouvir depoimentos dos camponeses que trabalharam nas primeiras filmagens, reconstituindo os 20 anos de separação da família Teixeira.

Cinema de Conversa
Além da história, outra característica forte e marcante neste filme é a forma de Eduardo Coutinho contá-la.  Como ele próprio definiu, seu estilo de documentário pode
ser chamado cinema de conversa.


O que importa ao diretor é ouvir o que as pessoas que ele entrevista têm a dizer. Pouco importa se cabos, microfones, técnicos aparecem em quadro, o que dá um tom de "making of", uma espécie de metaliguagem, na qual o processo de produçao do filme é explicadode maneira quse didática aos expectadores.

Como definiu o professor da USP e documentarista Henri Gervaisieu:
"A história daquela família é a História do Brasil".
Veja a videorreportagem abaixo, feita numa entrevista logo após a aula na Cinemateca:





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2 comentários:

Marcelo disse...

Muito elucidativa sua entrevista com o Henri. Seu Diário, a cada jornada, fica mais saboroso...
Parabéns Paulo!

Paulo Castilho - Videojornalista disse...

Obrigado, Marcelo! Sei que você é um fiel seguido do 'Diário de um VIdeorrepóter'! O esforço é grande pra manter atualizado. Mas é um prazer quando recebo comentáriospositivos como o seu! Obrigado pela audiência, ajude a divulgar os postse continue voltando. Abs

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